A Obesidade é considerada uma epidemia pela Organização Mundial de Saúde e motivo de preocupação, sendo uma das prioridades em saúde pública em todo o mundo, juntamente com desnutrição e doenças infecciosas.
Estudos genéticos e epidemiológicos têm confirmado cada vez mais que o baixo peso ao nascimento, típico de populações pobres, correlaciona-se com aumento de risco de obesidade posterior.
A obesidade é uma doença grave, crônica, de elevada morbimortalidade e de postulada etiologia multifatorial. Vem aumentando de maneira assustadora em países desenvolvidos e também naqueles em desenvolvimento. Estima-se que em países desenvolvidos em torno de um terço dos adultos é de obesos e prevê-se que por volta do ano 2020 mais de 20% da população mundial sofrerá de obesidade.
Estima-se no Brasil que entre 2000 e 2005 o continente de indivíduos com sobrepeso passará de 45 para 60 milhões, enquanto a população obesa saltará de 12 para 17 milhões.
A média da obesidade infantil no mundo é de 6,7%, nos EUA é de 20%. Na vida adulta isso poderá implicar riscos para a saúde física e desenvolvimento de transtornos psiquiátricos.
A obesidade é definida como um excesso corporal de gordura, acima dos 20% do peso corporal em homens e dos 30% em mulheres. O índice mais empregado para classificação da obesidade é o Índice de Massa Corpórea (IMC), que é calculado dividindo-se o peso em quilos pela altura em metros ao quadrado.
Classifica-se a obesidade em dois subgrupos. A central (andróide, abdominal ou visceral) e a periférica (ginecóide, gluteofemoral). A obesidade visceral está associada a um risco aumentado para doença cardiovascular, diabetes do tipo 2, acidente vascular cerebral e alguns tipos de câncer.
A mensuração da circunferência abdominal (CA) é o método mais fácil e largamente empregado no ambiente clínico e em estudos epidemiológicos. Risco de comorbidades associadas à medida da cintura:
- risco aumentado: homens > 94 cm
mulheres > 80 cm
- alto risco: homens > 102 cm
mulheres > 88 cm
Aspectos psicológicos e psiquiátricos da obesidade
A retirada paulatina do obeso do rol dos culpados a pelo menos dois pecados capitais- a gula e a preguiça- tem sido feita pelos profissionais de diversas áreas que o assistem.
Atitudes discriminatórias são encontradas no ambiente de trabalho, familiar e estudantis. Pessoas obesas casam-se menos e apresentam renda financeira menor quando comparadas a pessoas sem sobrepeso. Indivíduos obesos apresentam maior sofrimento emocional, atitudes negativas e discriminação.
Não só a saúde física, mas também a saúde mental e a vida social de pacientes obesos podem ser afetadas pela obesidade. Estudos têm demonstrado que a obesidade pode estar associada a transtornos mentais e essa relação pode ser de mão dupla.
Pessoas com doença mental grave, particularmente Esquizofrenia, Transtorno Bipolar e Transtorno depressivo maior, têm uma taxa média de mortalidade 2 a 3x mais elevada do que a população em geral, o que corresponde de 10 a 25 anos de expectativa de vida encurtada.
Há uma relação recíproca entre depressão e obesidade, onde se encontra um aumento de quadros depressivos em pacientes obesos e um aumento da incidência de obesidade em pacientes deprimidos.
Estima-se que 19% das mulheres experimentem um episódio de depressão nos três meses posteriores ao parto. A depressão pós-natal está associada a alterações da amamentação, incluindo cessação precoce. Nessas crianças e em mais velhas, a depressão materna está associada a baixa interação, aumento de inatividade das crianças e aumento do número de horas de televisão.
Algumas proposições suportam a idéia de que há uma relação direta entre o índice de massa corpórea (IMC) e a maior frequência de comportamento compulsivo alimentar ou episódio bulímico. O Transtorno Alimentar Compulsivo Periódico (TACP) é muito frequente em pacientes em tratamentos para perda de peso, com prevalência estimada de cerca de 30% entre obesos, versus 2 a 3% na população geral de obesos, 50% entre os candidatos a cirurgia bariátrica e 70% em grupos de autoajuda, como os Comedores Compulsivos. Pacientes com TCAP têm maior frequência de recaídas após tratamento, maior comorbidade com depressão, abuso de álcool e drogas, transtorno de personalidade e insatisfação com a imagem corporal, quando comparados com os obesos controle.
Hoje a cirurgia bariátrica constitui o único procedimento provado como efetivo no tratamento da obesidade mórbida, de terceiro grau ou "extrema".
O Conselho Federal de Medicina incluiu a depressão como uma das comorbidades que poderão ter indicação para a realização da cirurgia bariátrica em pacientes com IMC maior que 35.
A presença de um quadro psiquiátrico no pré-operatório de um paciente com sobrepeso grau 3 não deve ser encarada como contra-indicação para uma cirurgia, desde que adequadamente controlado.
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