O número de mulheres que fazem uso e abuso de cannabis aumenta a cada ano.
As diferenças de uso entre os gêneros incluem os fatos de a mulher começar a usar a substância como forma desadaptativa de aliviar sintomas de problemas mentais preexistentes, como estresse, sensação de alienação, depressão, ansiedade e estresse pós-traumático, progredir do uso para a dependência mais rápido que o homem; ser mais reativa aos gatilhos para uso; apresentar maiores taxas de recaída; sofrer consequências físicas e psicológicas mais severas.
O cannabis é a substância ilícita mais utilizada por gestantes e puérperas.
A gestação e o puerpério podem representar fatores de proteção em relação ao consumo de cannabis. Por outro lado, alguns estudos demonstram que há urgência em se pensar alternativas de tratamento para mulheres que não interrompem o consumo. As dificuldades e estresse gerados pela gestação podem representar um fator de risco, sendo o consumo uma forma desadaptada de manejar as emoções negativas geradas nessa fase.
O número de gestantes e puérperas usuárias de cannabis ainda é subestimado. Mães podem não revelar o uso ou a quantidade exata desse consumo por medo de serem julgadas, repreendidas ou mesmo punidas.
Uma das alternativas para se obter a confirmação do uso de substâncias é a análise do mecônio, sangue da mãe ou fio de cabelo da mãe. Mundialmente estima-se que 3 a 10% das gestantes consumam cannabis.
Alguns estudos verificaram que apenas metade dos ginecologistas, obstetras, doulas e clínicos gerais perguntavam às gestantes sobre seu consumo de drogas.
O consumo de cannabis pode gerar efeitos agudos, crônicos, físicos e psíquicos:
-Efeitos agudos físicos: olhos avermelhados, boca seca, taquicardia, aumento da pressão arterial;
-Efeitos crônicos físicos: lesão da traquéia e das vias aéreas, inflamação e infecção pulmonar, bronquite e câncer de pulmão;
-Efeitos agudos psíquicos: sensação de bem-estar, calma e relaxamento, hilaridade, angústia, medo de perder o controle mental, prejuízo de memória, atenção e aprendizagem, delírios e alucinações, leve euforia, intensificação das experiências sensoriais e alterações na percepção;
-Efeitos crônicos psíquicos: transtornos de ansiedade, prejuízo cognitivo, agravo de sintomas psicóticos, síndrome amotivacional.
Diante da interrupção do consumo de cannabis é importante preparar a mulher para o possível surgimento de sintomas da síndrome de abstinência:
Fraqueza, hipersonia, retardo psicomotor, ansiedade, inquietação, depressão e insônia. Em geral os sintomas aparecem 24 horas após a cessação e atingem a maior intensidade entre 2 a 3 dias.
Pesquisas demostraram que o consumo de cannabis pode influenciar o desenvolvimento fetal.
A restrição do crescimento é a maior complicação:
retardo no desenvolvimento do sistema nervoso, distúrbios comportamentais, más-formações congênitas, prejuízos dos sistemas cardiovascular e gastrointestinal. Modifica também a atividade de regiões do cérebro do feto a longo prazo, podendo gerar deficiências emocionais, depressão, consumo de substâncias psicoativas, hiperatividade, desatenção, impulsividade, déficits de memória e de aprendizagem, prejuízos de linguagem, menor habilidade visuoespacial e visomotora, dificuldade no planejamento de tarefas e funções executivas de uma forma geral.
retardo no desenvolvimento do sistema nervoso, distúrbios comportamentais, más-formações congênitas, prejuízos dos sistemas cardiovascular e gastrointestinal. Modifica também a atividade de regiões do cérebro do feto a longo prazo, podendo gerar deficiências emocionais, depressão, consumo de substâncias psicoativas, hiperatividade, desatenção, impulsividade, déficits de memória e de aprendizagem, prejuízos de linguagem, menor habilidade visuoespacial e visomotora, dificuldade no planejamento de tarefas e funções executivas de uma forma geral.
O tratamento tem duas etapas: a primeira, de suporte para início de tratamento não medicamentoso da síndrome de abstinência; e a segunda, de prevenção de recaída.
Ainda não há um tratamento farmacológico estabelecido para a dependência de cannabis.
Quanto ao aleitamento materno, deve-se considerar o custo-benefício em cada caso, pois a cannabis pode estar presente no leito materno, e a mãe deve ser informada sobre os potenciais efeitos da substância no bebê e ser aconselhada a interromper ou diminuir o consumo.
Ribeiro HL, Renno J, Demarque R et al
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